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A obesidade é uma condição complexa, crônica e com múltiplas causas e que necessita de tratamento. A cirurgia bariátrica é uma das formas terapêuticas disponíveis, mas sozinha não garante a perda de peso adequada e a qualidade de vida. Por isso, o paciente obeso que realizou de cirurgia bariátrica necessita de acompanhamento endocrinológico contínuo. A seguir seguem os 11 principais pontos a serem observados nesse acompanhamento após a cirurgia bariátrica:

1.

Uma das grandes preocupações de quem passou pela cirurgia bariátrica é se vai obter a perda de peso sonhada.

A perda de peso varia bastante de pessoa para pessoa, por isso, não é adequado comparar sua perda de peso com a de outra pessoa. Os fatores que influenciam essa diferença entre os indivíduos são diversos, mas os principais são: idade, gênero, tipo de cirurgia, adesão à atividade física e genética.

A perda de peso é mais rápida nos primeiros seis meses após a cirurgia. Depois desse período, a velocidade da perda de peso diminui, mas ainda continua até cerca de 18 meses, quando geralmente se atinge o peso mais baixo.

Para calcular a perda de peso prevista, seu endocrinologista utiliza um cálculo simples para primeiro avaliar o seu excesso de peso, que é a diferença entre o seu peso antes da cirurgia e o peso ideal para a sua altura.

Os pacientes que foram submetidos a cirurgia bariátrica pela técnica “by-pass” (ou Y-de-Roux ou derivação gastro-jejunal) perdem em média de 65-85% do excesso de peso.

Já os que foram submetidos à técnica de “Sleeve” (ou gastrectomia vertical) perdem em média de 55-75% do excesso de peso.

Com base nesses dados, seu endocrinologista poderá fazer uma previsão da sua perda de peso. Se a perda de peso não ocorrer conforme o esperado, novas medidas deverão ser adotadas.

2.

Muitos problemas de saúde melhoram com a redução de peso. Algumas doenças podem entrar em remissão, ou seja, ficar controladas sem você precisar mais de medicação.

Cerca de 70% dos pacientes que apresentavam diabetes mellitus tipo 2 antes da cirurgia apresentam remissão no pós-operatório.

No caso de problemas como hipertensão arterial, colesterol e triglicerídeos elevados e apneia do sono, a tendência é de haver uma redução de medicamentos para controlá-los.

Mas atenção, alguns problemas de saúde podem voltar após alguns anos da cirurgia, seja pelo envelhecimento ou pelo reganho de peso. Por isso, é importante continuar o acompanhamento com um especialista, que pode prescrever o tratamento adequado.

3.

Recomenda-se a realização de exames de sangue a cada 3 meses nos primeiros anos. Depois, o intervalo entre os exames pode aumentar.

Serão avaliados o hemograma, a glicemia e além de ver as taxas de colesterol, entre outras. Também é fundamental dosar vitaminas e minerais que costumam ficar alterados no pós-operatório.

O ultrassom de abdome deve ser realizado após 6 meses da cirurgia para avaliar presença de cálculo na vesícula. O emagrecimento rápido nos primeiros meses pode levar a seu aparecimento.

A endoscopia digestiva alta deve ser realizada após 1 ano da cirurgia para verificar se o sistema digestivo está funcionando bem.

4.

Logo após a cirurgia, o nutricionista de sua equipe dará orientações sobre os cuidados com a alimentação, para auxiliar na cicatrização do estômago e do intestino. A dieta será feita nas seguintes etapas progressivas:

1ª. Dieta líquida: caldos e sopas coados, sucos, leite, iogurte líquido.

2ª. Dieta pastosa: além de todos os líquidos, purês, sopas cremosas, caldo de feijão, vitaminas de frutas e suplementos alimentares de proteínas, como whey protein.

3ª. Dieta branda: alimentos ricos em proteínas e outros nutrientes, muito cozidos e com poucas fibras, que devem ser bem mastigados.

Finalmente, 4ª. dieta normal: você já pode incluir alimentos crus e fibras integrais, evitando apenas aqueles ricos em açúcar e gorduras, ultraprocessados, bebidas gaseificadas e álcool.

5.

A falta de proteínas na alimentação pode causar anemia, queda de cabelo, unhas frágeis, fraqueza muscular, cansaço, fadiga e, em casos extremos, desnutrição grave.

As proteínas devem ser a base da sua alimentação. Após a cirurgia bariátrica, elas são ainda mais importantes e devem ser incluídas em todas as refeições.

As proteínas de origem animal são as mais facilmente absorvidas pelo organismo e são essenciais para o funcionamento adequado do corpo, ajudando a manter a massa muscular, especialmente quando combinadas com atividade física. Isso inclui carnes de aves, bovinas, suínas, peixes, ovos, leite e seus derivados.

As proteínas de origem vegetal são encontradas em leguminosas como feijões, soja, lentilhas e grão-de-bico, além de oleaginosas.

Os suplementos proteicos são úteis para alcançar a quantidade diária recomendada de proteínas.

6.

Após a cirurgia, são esperadas deficiências nutricionais por dois motivos:

1. Você estará comendo menos alimentos. Além disso, é importante reduzir a ingestão de alimentos muito ricos em fibras para prevenir sintomas digestivos, embora eles sejam fontes de vitaminas e minerais.

2. A operação, ao fazer um desvio do intestino, diminui a área de absorção desses nutrientes no processo digestivo.

Saiba que, sem exceção, a cirurgia bariátrica exigirá suplementação pelo resto da vida — ou seja, não apenas durante o período de recuperação do procedimento ou na fase de emagrecimento.

Os suplementos mais usados:

• Polivitamínicos na forma de comprimidos, contendo zinco, cobre, folato, selênio e vitaminas A, E, K e C.
  
• Vitaminas B12, B1 e B6, que geralmente são prescritas na forma injetável ou sublingual para uma melhor absorção.
  
• Vitamina D, na forma de líquida, cápsulas ou comprimidos.
  
• Cálcio, preferencialmente receitado na forma de citrato de cálcio.
  
• Ferro, de acordo com a avaliação da equipe para evitar anemias.
  

É bom reforçar que as doses serão prescritas de acordo com a técnica cirúrgica e a necessidade de cada pessoa, em cada momento.

7.

Dar os primeiros passos na prática de atividade física após a cirurgia bariátrica pode parecer assustador. Mudanças recentes em seu corpo e estilo de vida podem tornar a ideia de exercícios desafiadora. É normal sentir-se ansioso ou inseguro e é importante reconhecer as dificuldades que podem surgir ao iniciar uma rotina de exercícios.

Talvez você se sinta desconfortável com seu novo corpo, preocupado com lesões ou simplesmente sobrecarregado pelas mudanças em sua vida diária. Esses são obstáculos reais, mas superáveis.

Lembre-se de que não é necessário começar com grandes passos. Até mesmo pequenas atividades, como uma curta caminhada ao redor do quarteirão ou alguns minutos de alongamento em casa, podem fazer toda a diferença. O importante é avançar no seu próprio ritmo, respeitando os limites do seu corpo.

Manter ativo será importante para:

1. Perda de peso sustentável: A prática rotineira de exercícios auxilia na queima de calorias, o que é essencial para manter e até mesmo para acelerar o emagrecimento após a cirurgia.

2. Manutenção da massa muscular: A atividade física ajuda a preservar os músculos, o que é importante para manter um metabolismo saudável e evitar a flacidez da pele à medida que você perde peso.

3. Melhora da saúde cardiovascular: Exercícios aeróbicos, como caminhadas, corridas leves ou natação, fortalecem o coração e os pulmões, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares.

4. Controle da glicemia: A atividade física ajuda a regular os níveis de açúcar no sangue, melhorando o controle do diabetes tipo 2.

5. Aumento de energia e bem-estar: Exercitar-se regularmente diminui o estresse e eleva o humor.

8.

Devido as mudanças de anatômicas dos sistema digestivo, alguns pacientes podem apresentar sintomas como náusea, diarreia, intolerância a determinados alimentos, flatulência e dor abdominais.

Algumas estratégias para reduzir o aparecimento desses sintomas são:

9.

A fertilidade pode aumentar após o emagrecimento. Por isso, há a necessidade de se estabelecer um método contraceptivo seguro e efetivo, já que devemos esperar a estabilização do peso (após 12 a 18 meses após a cirurgia) para garantir uma gravidez saudável para mãe e para o bebê.

Outra preocupação é a menstruação, que pode piorar a deficiência de ferro e agravar o quadro de anemia.

Métodos como o dispositivo uterino (DIU) são os mais adequados. Isso porque alguns estudos demonstram uma menor absorção dos contraceptivos orais após a cirurgia.

Converse com o seu ginecologista sobre isso.

10.

É considerado normal haver um reganho de até 10% dos quilos que foram perdidos após 18 meses da cirurgia. No entanto, reganhos acima desse percentual devem ser imediatamente avisados seu endocrinologista.

Alimentação consciente e nutritiva:

• Controle as porções.
• Priorize os alimentos ricos nutricionalmente, como frutas, hortaliças, proteínas magras e grãos integrais.
  
• Evite alimentos ultraprocessados e calorias vazias.
  
• Garanta uma hidratação adequada: ajuda a impedir uma confusão comum do nosso organismo entre o que é sede e o que é fome.
  

Atividade física regular:

• Encontre uma modalidade de que realmente goste.
  
• Busque realizar pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana, distribuídos ao longo dos dias.
  
• Incorpore mais movimento no seu dia a dia: Caminhe, suba escadas, enfim, encontre maneiras de se movimentar no cotidiano.
  

Suporte social

• Compartilhe seus objetivos: Mantenha amigos e familiares informados sobre suas metas de saúde para receber incentivo e apoio.
  

Monitore o seu progresso:

• Crie um diário alimentar: Registre suas refeições, lanches e bebidas para se tornar consciente das escolhas alimentares.
  
• Acompanhe a sua atividade física: faça também um registro das suas sessões de exercícios para monitorar seu progresso e ajustar sua rotina.
  

Gerencie o estresse:

• Pratique técnicas de relaxamento: Aprenda técnicas de respiração, meditação ou ioga para ajudar a gerenciar o estresse.
  
• Evite a alimentação emocional: Identifique seus gatilhos emocionais para não usar a comida como uma forma de lidar com determinadas situações.
  

Acompanhamento médico regular:

• Mantenha sua equipe de bariátrica por perto: A maior parte dos pacientes que voltam a ganhar peso tem algo em comum. A longo prazo, eles deixam de fazer o acompanhamento com os profissionais de saúde.
  

11.

O melhor momento para realizar a cirurgia reparadora pós-bariátrica é quando o paciente já perdeu o peso esperado e ele se mantém estável por pelo menos seis meses.

A partir desse momento, você já se pode iniciar a programação com o cirurgião plástico.

Referência:

1. Pajecki, Denis, ABESO, SBCM. O pós-operatório da cirurgia bariátrica : um guia para resolver as principais dúvidas dos pacientes. 1. ed. São Paulo : Vitamina Conteúdo, 2024.
   

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